segunda-feira, 8 de março de 2010

ATIVIDADE 10

O diálogo entre textos: A intertextualidade.

Objetivo da atividade: Identificar os traços da intertextualidade com nossa interação cotidiana.

Solicitei antecipadamente à aplicação da minha prática, da professora Karina a titular da turma, que ela pedisse aos alunos para que estes anotassem em cartolina ou outro tipo de papel, os ditados ou frases dos “mais velhos” da família, ou até da comunidade servindo assim de reflexão para eles.


Avançando na prática

· No dia da aplicação da prática, todas as equipes estavam com suas respectivas pesquisas em mãos.

· Antes da exposição dos trabalhos fizemos um comparativo do texto que foi lido na aula anterior “retrato de velho” com o trabalho que eles haviam feito.

· O objetivo era que eles percebessem se os conhecimentos, ações e valores do texto anterior iam ao encontro das idéias de suas pesquisas.

· Todos os grupos apresentaram seus trabalhos como previsto antes.




· Cada equipe leu as frases e ou ditados pesquisados em suas casas manifestando o significado das palavras desconhecidas, explicadas anteriormente por seus ancestrais.


· Todos os registros foram analisados por todos os grupos, discutindo o tipo de ensinamento que a frase propunha para nossas vidas, quais lhes pareciam atuais, e quais eram ultrapassadas e por quê?

· Após a apresentação dos grupos achei por bem eleger o trabalho mais estruturado, como também a melhor exposição em sala. Os próprios alunos votaram entre si, o grupo escolhido destacou-se dentre os demais pelo fato de usar gravuras para cada tema mencionado.

Avaliando a prática

Após a exposição das equipes conversamos sobre a intenção dessa atividade e aplicabilidade em nosso cotidiano.
Os alunos destacaram a influência da herança de muitas conquistas de nossos antepassados hoje em nossas vidas.
Perceberam que boa parte do que somos hoje tem um grande vínculo com o passado, seja de bom ou de ruim. É claro que a sugestão é que sigamos sempre as interações humanas que nos façam bem e que nos tornem pessoas melhores.
Considerei esta atividade muito proveitosa e acima de tudo divertida.

ATIVIDADE 9

As inter-relações entre língua e cultura.

Objetivo da atividade: Relacionar língua e cultura.

Começamos nossa aula lendo um texto de Carlos Drummond de Andrade. “Retrato de velho”.

Retrato de velho
Tem horror a criança. Solenemente, faz do bisneto, que lhe sumiu com a palha de cigarro, para vingar-se de seus ralhos intempestivos. Menino é bicho ruim, comenta. Ao chegar a avô, era terno e até meloso, mas a idade o torna coriáceo.
No trocar de roupa, atira no chão as peças usadas. Alguém as recolhe à cesta, para lavar. Ele suspeita que pretendem subtraí-las, vai à cesta, vasculha, retira o que é seu, lava-o, passa-o. Mal, naturalmente.
– Da próxima vez que ele vier, diz a nora, terei de fechar o registro, para evitar que ele desperdice água.
Espanta-se com os direitos concedidos às empregadas. Onde já se viu? Isso aqui é o paraíso das criadas. A patroa acorda cedo para despertar a cozinheira. Ele se levanta mais cedo ainda, e vai acordar a dona de casa:
– Acorda, sua mandriona, o dia já clareou!
As empregadas reagem contra a tirania, despedem-se. E sem empregadas, sua presença ainda é mais terrível.
As netas adolescentes recebem amigos. Um deles, o pintor, foi acometido de mal súbito e teve de deitar-se na cama de uma das garotas. Indignação: Que pouca-vergonha é essa? Esse bandalho aí conspurcando o leito de uma virgem? Ou quem sabe se nem é mais virgem?
– Vovô, o senhor é um monstro!
E é um custo impedir ele escaramuce o doente para fora de casa.
– A senhora deixa suas filhas irem ao baile sozinhas com rapazes? Diga, a senhor deixa?
– Não vão sozinhas, vão com os rapazes.
– Pior ainda! Muito pior! A obrigação dos pais é acompanhar as filhas a tudo quanto é festa.
– Papai, a gente nem pode entrar lá com as meninas. É coisa de brotos.
– É, não é? Pois me dá depressa o chapéu para eu ir lá dizer poucas e boas!
Não se sabe o que fazer dele. Que fim se pode dar a velhos implicantes? O jeito é guardá-lo por três meses, e nova mudança, nas mesmas condições. O velho é duro:
– Vocês me deixam esbodegado, vocês são insuportáveis! – queixa-se ao sair. Mas volta.
– Descobri que paciência é uma forma de amor – diz-me uma das filhas, sorrindo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Retrato de velho. In A bolsa & a vida. Rio de Janeiro, 1962. P. 207 -209.



Avançando na prática.


Procedimentos:

Distribui uma cópia do texto “retrato do velho” para cada aluno e pedi que fizessem uma leitura silenciosa da crônica de Carlos Drummond de Andrade.

Expliquei à turma a diferença entre discurso direto e discurso indireto e chamei-lhes a atenção para o tipo de discurso que o autor escolheu para essa crônica, que é o discurso direto. Pedi que identificassem dentro do texto as características desse tipo de discurso, haja vista que eu já tinha explorado antes.

Após a identificação das características formais do discurso direto, que é forma escolhida para apresentar a fala ou o pensamento das personagens, dividi a sala em grupos, para que ensaiassem a leitura dramatizada. Expliquei-lhes que deveriam fazer a distribuição de papéis, incluindo o narrador, e pensando até no tipo de voz e no sexo dos personagens.

Pedi que cada grupo fizesse a leitura dramatizada do texto, enquanto os outros grupos ficavam como avaliadores. Ressaltei a importância da crítica para que todos, depois de julgados tentassem fazer uma leitura mais adequada para este tipo de texto e a nível de 8° ano.

Por fim escolhemos o grupo que apresentou a melhor performance, de acordo como ponto de vista dos outros grupos e do meu, claro. Levamos em consideração a entonação da voz, pontuação e expressão corporal.

Avaliando a prática

Além de observar os aspectos formais da estrutura do texto, avaliamos o sentido do texto, a intenção do autor em mostrar os valores pessoais de que os grupos são constituídos historicamente, expressando a cultura dessas pessoas ou grupos, dependendo das experiências de vida dos indivíduos e de seu grupo, que ocorre em determinado época e lugar.
Nesta crônica nos divertimos não simplesmente com um avô ranzinza, mas com o conflito cultural de gerações: Os valores daquele homem de 85 anos são diferentes dos de seus filhos, noras e genros.